segunda-feira, junho 25, 2007

Qual é o sentido?

No outro dia enquanto via um desses folhetos sobre novas tecnologias, (as velhas já não aparecem... Que saudades de ver as mini e as graúdas HI-FI!), dei comigo a pensar: Costumava eu achar exagerado quando um professor meu dizia que o Ser Humano é um ser alucinado e que sobrevive agarrando-se às suas paranoias. Achava que não fazia sentido dizer isto, que não era bem assim.
Pois bem, ao ver o tal folheto cheguei à conclusão que afinal o meu professor tem razão, devia ter tido em conta a sua experiência, ele concerteza que sabe destas coisas melhor que eu. Mas como sou teimosa, não aceitei isto assim à primeira. Mas é verdade, todos nós vivemos das nossas paranoias, todos as temos não adianta fugir e teimar que não. Podia até dar aqui alguns exemplos, mas não o vou fazer.
Mas porquê chegar a esta conclusão através de um simples folheto publicitário? Pois bem, vou explicar....
Logo agora, quando já me havia conformado e até aderido à "velha" paranoia do telemóvel (no meu caso é mais SMS), eis que aparece uma ainda pior, o GPS! Mas que é isto? As pessoas andam desorientadas? Perdidas na vida? Tudo bem que seja usado nos automóveis por pessoas que viajam muito, a trabalho e não devem perder tempo a consultar os velhos mapas de papel ou a perguntar ao "vizinho" mais próximo, mas vulgarizar a sua ultilização? Qual é o sentido?
Cada vez que vejo estes folhetos com PCs, máquinas digitais, telemóveis (aqui já sinto uns nervozinhos... mas isto é algo meu, uma velha embirraçao minha) e depois... GPS. Dá-me logo vontade de arranjar uma gráfica e poder fazer umas rectificações nestes folhetos. Algo do género: Pôr uma cruz por cima de todos os GPS e escrever ao lado: "Use mas é o velho mapa de papel e a sua cabecinha! Que é para não enferrujar e tornar ainda mais dificil viver em sociedade" (acho que já aqui expliquei esta minha teoria "novas técnologias Vs inteligência humana").
O instrumento em si é útil, sem dúvida mas esta vulgarização vai ser completamente inútil aos nossos cérebros e sistemas nervosos.
Só tenho pena é que estes que vi nos folhetos só tenham o mapa da Peninsula Ibérica, pois gostava de saber é com estas técnologias a substituir as funções do nosso cérebro e a tornarem-se modas (bastante parvas, diga-se...) onde é que nós vamos parar. Há algum aparelho destes que dê essa informção? Ah então esse é útil!

sábado, maio 12, 2007

Vincent (Starry starry night)


Starry
starry night
paint your palette blue and grey

look out on a summer's day
with eyes that know thedarkness in my soul.
Shadows on the hills
sketch the trees and the daffodils

catch the breeze and the winter chills

in colors on the snowy linen land.
And now I understand what you tried to say to me

how you suffered for your sanity
how you tried to set them free.
They would not listen
they did not know how

perhaps they'll listen now.

Starry
starry night
flaming flo'rs that brightly blaze

swirling clouds in violet haze reflect in
Vincent's eyes of China blue.
Colors changing hue
morning fields of amber grain

weathered faces lined in pain
are soothed beneath the artist's
loving hand.
And now I understand what you tried to say to me

how you suffered for your sanity
how you tried to set them free.
perhaps they'll listen now.

For they could not love you
but still your love was true

and when no hope was left in sight on that starry
starry night.
You took your life
as lovers often do;
But I could have told you
Vincent
this world was never
meant for one
as beautiful as you.

Starry
starry night
portraits hung in empty halls

frameless heads on nameless walls
with eyes
that watch the world and can't forget.
Like the stranger that you've met

the ragged men in ragged clothes

the silver thorn of bloddy roselie crushed and broken
on the virgin snow.
And now I think I know what you tried to say to me

how you suffered for your sanity

how you tried to set them free.
They would not listen
they're not
list'ning still
perhaps they never will


Letra: Don McLean
Quadro: "Starry night (Noite estrelada)" de Vincent Van Gogh

quinta-feira, março 15, 2007

Que futuro?

Qual será o futuro do nosso país, do nosso continente e porque não, do nosso mundo, quando este estiver nas mãos destes que hoje são crianças e batem nos professores, nos pais, nos avós… e em muitas outras figuras que supostamente deveriam representar autoridades e impor respeito mas que nos dias de hoje não parecem representar coisa alguma?
Em tempos idos os pais comiam primeiro, sendo que as mulheres se seguiam aos homens na vez de sentar à mesa e para o fim ficavam as crianças (não estou a dizer que concordo, apenas a verificar um facto). Estas comiam o que sobrava e só se sentavam com a devida autorização, eram sem duvida a base da hierarquia, em tudo. Nos tempos de maior pobreza as crianças para além de perderem o direito a escolher a melhor comida, perdiam ainda o direito a ser crianças e desde muito cedo começavam a ajudar os pais no sustento da casa. Nos campos principalmente, andavam de sol em sol cantando e brincando num ritual que para quem via de fora podia parecer de muita alegria e brincadeira mas de dentro sabia-se que custava a infância, custava o direito à brincadeira, custava muito. Mas também as hipóteses de brincadeira eram poucas, não haviam brinquedos e os poucos que haviam tinham de ser construídos pelos próprios.
Acima de tudo os pais mandavam, usavam o seu estatuto de mais velhos e usavam também a força, talvez até demais. Os professores também eram autoridades para as crianças e também usavam a força, talvez também demais. Mas depois surgiu um dado novo que modificou toda esta estrutura de sociedade, descobriu-se que “o melhor do mundo são as crianças”, graças a Fernando Pessoa. E a partir daí as coisas foram mudando, até chegarem ao que são nos dias de hoje, em que os papeís estão invertidos. Nada pior para uma sociedade criada às pressas por homens pensadores do que papeis invertidos. Poderá ser o fim, o principio do fim ou será pelo menos, de certeza, o começo de uma mudança qualquer.
Os pais já não mandam nos filhos, não recorrem a qualquer tipo de violência pois os telejornais assustam qualquer pai que pense sequer em dar uma palmada ao seu filho. Resta agora esperar que os filhos também se assustem quando noticias a falar de pais vitimas de negligencia, bombardearem os telejornais e pode até acontecer que um dia um grande poeta escreva que “o melhor do mundo são os adultos pais das nossas crianças”. Os professores também já não são agressivos, agora são agredidos, pelos alunos e por pais revoltados. Trata-se de uma nova forma de reunião de encarregados de educação. Os avós também não têm grande voto na matéria, mas a figura do avô sempre foi a de policia bom, agora não sei qual é, uma vez que não há policia mau.
Mas de quem é a culpa? Do acesso a brinquedos sofisticados que não exigem imaginação nem inteligência para ser usados? Do acesso a jogos com gráficos quase reais e cheios de violência? Dos desenhos animados com xutos e pontapés? Do acesso à Internet que possibilita aceder a informação sem o mínimo de esforço (ainda me lembro do desespero que era arranjar aquela música fantástica que ouvira na rádio)? Dos medos e da falta de tempo dos pais e da consequência disso nas escolas? Ou será do grande poeta Fernando Pessoa? Não sei. Mas de momento quando vejo as noticias “fashion” de agressões a professores que os telejornais divulgam constantemente, de filhos a mandar nos pais, de vandalismos gratuitos pelas ruas cometidos por crianças e adolescentes... Penso: o que será do nosso futuro entregue a estas pessoas que não têm quaisquer figuras de autoridade nem noção dos seus limites?

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Velho Estado Novo?

Ao olhar para a televisão nos últimos dias dei comigo a perguntar: E se fizessem um referendo para saber se os portugueses queriam voltar aos velhos tempos do Estado Novo? Qualquer coisa como: “Concorda com o regresso ao Estado Novo se realizado por vontade do povo, em país saudoso e legalmente autorizado?” Será haveriam dúvidas quanto à pergunta? Seria considerado um crime? Mas essencialmente, será que aí sim ganharia de certeza o SIM? Se calhar…
Afinal quem são as pessoas que vão votar NÃO à despenalização do Aborto? “Aposto” que serão todos os que votaram em Salazar e o fizeram chegar aos 10 primeiros dos Grandes Portugueses (que já serão bastantes), mais uns poucos que talvez até nem apreciem muito o senhor e outros que não têm conhecimentos suficientes na matéria para o poderem apreciar. Regra geral são pessoas conservadoras ou fieis seguidores de uma religião, pois então “Deus, pátria e família” encaixa que nem luva, ou não?
Ouvi dizer como defesa ao argumento de que todos os países da Europa já despenalizaram o aborto como sinal de evolução e se torna cada vez mais claro que Portugal terá também de seguir esse caminho, que não devemos andar a “reboque” dos outros. Fez-me logo voltar ao passado e lembrar-me da época da descolonização, em que também não andámos a “reboque” dos outros e quando todos já tinham liberto as suas colónias, Portugal ia mantendo por muito mais tempo as suas províncias ultramarinas. Não nego a inteligência do senhor, ninguém o pode fazer. Mas o que eu gostava é que esses tempos fossem tempos idos, mas não são.
Pode até ser exagero meu, mas na realidade o que isto reflecte é a dificuldade que nós portugueses temos em dar um passo em frente. Algo que não parte apenas do povo pois na minha opinião a despenalização já deveria ter sido aprovada na Assembleia da República em vez de andarmos a gastar dinheiro público com referendos e suas campanhas.
Em tão curto espaço de tempo duas provas tão claras de saudosismo do Estado Novo, do conservadorismo e dos tempos em que o Estado interferia "descaradamente" na vida e nas escolhas pessoais dos seus cidadãos.
Agora só faltava mesmo Salazar ser o vencedor do concurso dos Grandes Portugueses e o Não ganhar no referendo. É tudo uma questão de votos, resta esperar para ver e a ver vamos!

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Ser ou não ser...

Eis a questão do momento. Refiro-me ao Aborto, mais concretamente à sua despenalização.
Queria começar por dizer que acho que ninguém é favor do aborto, nem uma mulher o faz de ânimo leve e tendo outras alternativas, nem ninguém o vai usar como meio contraceptivo e que os adeptos do Não, não estão a dar nenhuma novidade quando dizem que é uma vida que se está a destruir, pois todos sabemos disso. O problema é que nas nossas sociedades nem tudo pode ser como queríamos, nem tudo é bonito, nem todos podemos ser felizes. As sociedades em que vivemos são sociedades artificiais que contrariam a nossa natureza a maior parte do tempo, por isso não podemos ter nem respeitar tudo o que a natureza nos dá. Nem mesmo uma vida, nem mesmo um filho. Às vezes simplesmente não dá.
É então preciso encarar a realidade e criar os meios necessários para tornar a nossa vida razoável, suportável e tentar ser feliz na sociedade que criámos e para a qual contribuímos (para o bem e para o mal). É necessário despenalizar o aborto, a meu ver, para evitar os filhos indesejados que sabemos que dificilmente vão conseguir ser felizes (paremos de acreditar em contos de fadas), que vão acabar por prejudicar a própria sociedade e que esta vai querer ver afastados de si. Numa prisão, num manicómio, numa qualquer dessas instituições que tão bem soube criar para afastar os não desejados (e são bastantes).
Outro aspecto muito importante é a forma como se lidam com as nossas crianças (essas que nós queremos à força que nasçam). Vemo-las ser violadas, mortas, espancadas pelos pais e familia próxima e a sociedade (que tanto desejou o seu nascimento) chora a sua perda depois de ter mandado à sua casa alguém da Protecção de Menores que desconfiou que algo não estava bem, mas que ao chegar lá concluiu que estava tudo normal, os pais amam-na, não há qualquer problema familiar por ali, até um dia...
Ou seja, proíbe-se o aborto como que dizendo "nasçam que nós tratamos de vocês, mesmo não tendo sido desejados pelos pais, ou mesmo que os vossos pais tenham concluído que não têm condições para vos criar - pensamento de quem pensa abortar - " mas depois o que se vê é uma sociedade que não cuida minimamente das suas crianças nem lhes presta grande atenção.
Na minha perspectiva, enfrentar a realidade é ter uma lei que despenalize o aborto e para evitar um mau uso dessa lei, perder o medo da palavra sexo e dar educação sexual nas escolas. Passar menos Floribellas na TV e usar esses meios que tanto influenciam as crianças e os adolescentes para passar informação útil. Assim já se podia evitar os papões e a necessidade de recorrer a comparações ridículas como as que são feitas às mulheres, que tristemente se expõem a um acto de extrema violência física e psicológica como é o aborto, comparando-as a terroristas.
Afinal quem são os verdadeiros assassinos?